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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Resmunguices dominicais 1



A cabala em defesa da mulher real, em paz com a flacidez e gorduras penduradas porque se aceita tal como é e quem não gosta não olhe! 

Ora bolas! Eu não apoio photoshopice exagerada nem transformação de modelos em bonecas insufláveis digitais, mas já cansa tantos blogs e sites dizendo que sim senhor cada um veste o que quer e ai de quem não achar que a pessoa em questão é tão corajosa e só por isso é muito linda. Estar à vontade consigo própria não é sinónimo de falta de decoro na forma de vestir esperando que, por obra e graça de um unicórnio mágico, o resto do mundo veja ali uma Miss Universo em estado bruto. 
Há campanhas louváveis pelo empenho em desmistificar o heroin chic / culto da ossada à vista, recorrendo a mulheres bem dispostas e biótipos variados. O que me comicha no céu da boca é esta ideia ser puxada ao extremo por bloggers e actrizes deveras aborrecidas com quem sai da mediania e pode inspirar terceiros pelo aspecto, comportamento ou esforço em ser saudável. Então se for alguém que coma bagas Goji com canela ao acordar, até lapidação parece pouco! Virou moda criticar over n over quais discos riscados.
A minha sugestão é que se pare de fingir que presuntos ornados de celulite, 10kg extra em vestidos justos estilo Michelin deviam estar nas revistas só porque a maioria da população ocidental tem peso a mais. Não deviam, por isso é que não estão lá.
No entanto, se se aceitam balofas ou gostam mesmo de ser do contra e não há imaginação para mais, sejam coerentes! Não encham a cara de betume todos os dias, (des)colorações a cada 3 semanas e nail art a cada 4 enquanto fazem apologia da mulher real. Saiam à rua de cara lavada e creme hidratante, deixem os cabelos brancos serem felizes ao ar livre e as unhas limpas. Isto, ou bem que é au naturel ou há que mostrar algum brio, tentando ser a melhor versão de si própria, sem desculpar o desleixo com o já batido "sou real", vestindo-se com paninhos que melhorem o aspecto e não o contrário. 
Reais somos todos os de carne e osso. Seremos é reais idiotas se negligenciamos o potencial para melhorar física e espiritualmente porque nos impingem a moda da mulher real cuja bandeira é mais fácil de empunhar e cansa menos que umas corridas no  parque ou uns passeios de bike todas as semanas.

Tão perigosa é a obsessão pelo corpo perfeito como a indiferença com que se (des)cuida do mesmo. A resmunguice em si prende-se com a febre blogosférica, nacional e internacional de gozar sem dó nem piedade  com quem acha que pode melhorar.






5 comentários:

Ricardo Santos disse...

Eu acho que somos todos manobrados pelos "media" e não é teoria da conspiração.

São as modas e todos usam, independentemente de ficar bem ou não;
São os desportos e agora tudo anda de bicicleta, independentemente dos acidentes estarem cada vez a aumentar mais, por falta de condições das ciclovias, tanto para os ciclistas, como para os peões.
São as dietas, autorizadas e abonadas sabem-se lá por quem, que na maioria atinge as mulheres, e que ingerem coisas que nem sabem se são boas ou venenos para o organismo.

Reparem em coisas tão simples, como por exemplo, o café. Tem ciclos, já ouvi durante a minha vida, de mais de 50 anos, dizer mal, dizer bem, voltar a dizer mal e voltar a dizer bem.

Generalizamos ???

Anónimo disse...

Apoiado e subscrito!

:)

Pusinko disse...

Ricardo Santos,
Eu sei, mas cansa-me que ande tudo por aí contra correntes mais saudáveis e uma defesa extremada do descuido. E nesses extremos também estão as dietas mágicas, claro.
A questão do post nem é as (contra)correntes em si, é a moda blogosférica de criticar de forma tão intensa os cuidados de saúde e beleza mas serem pessoas que se cuidam. É o exagero e repetição de temas a defender que se vista o que quiser, com o corpo que calhar que somos todos ainda mais lindos por isso.

Isso das bicicletas é uma pena porque os condutores não estão habituados a ter cuidado com ciclistas e há ainda poucas ciclovias, mas pode ser que o aumento deste tráfego force as autarquias a investir neste sentido. Eu adoro a minha bike, mas é porque Berlin e Amsterdam, onde moro e morei, são amigas do ciclista :) Em Portugal antes ia a pé ou de trotinete no passeio.

Enfim, sou uma resmungona :)


Ulisses L,
Ainda bem que não sou só eu a pensar assim :)



Anónimo disse...

Estaria tudo bem não fosse o proprio post um elogio ao gozo desde que seja a um determinados formatos de corpo.

Uma coisa é dizer: vamos deixar que cada mulher ou homem escolha o estilo de vida que se adequa mais a si.
Outra coisa é dizer: não gozem com as que gostam de bagas goji, suas balofas com presuntos ornados de celulite, porque gozar é feio e errado.



Pusinko disse...

Anónimo,

A ideia central é a crítica a estas modinhas blogosféricas, em PT e fora, que estas correntes são transverssais.
Há uns tempos falava-se de sushi e instagramava-se como se não houvera amanhã. Tudo bem, eu gosto e falei disso em ocasiões sem parecer um disco riscado. Depois as super foods chegaram à comunicação social e em pouco tempo fala-se imenso de sumos detox, saladas e batidos e ninguém pára de clicar e postar fotos e opiniões até à exaustão. Eu deixo para quem sabe e faço uso das receitas que vou conhecendo. Não tenho paciência para fazer fotos muito catitas e o camandro.
Aos poucos, esta atitude (francamente saudável em vários aspectos) está a ser coberta, a nível dos blogs por outra onda, que é a da mulher real, que veste o que quiser e deve ser aceite e admirada por estar super bem consigo mesma.
Bem, talvez seja por eu não estar super bem comigo mesma mas, embora entenda que toda a gente deva ser aceite como é, não admiro quem não tira partido de si próprio de maneira positiva. E sim, acho que mulheres com excesso de peso, pernas ultra musculadas ou barradas de celulite visível não ficam bem em certos preparos. Da mesma maneira que um corpo esquelético e sem curvas fica mal com certos cortes/tecidos.
A intenção do post é resmungar contra a corrente em que o feio é bonito, porque não é, sem apoiar extremismos estéticos e alimentares, porque não é a minha praia.
"If you’re not into me, that’s your problem and you’re going to have to work that out with professionals,” - Lena Dunham, uma moça que faz questão em se vestir mal para o corpo que tem, que defende a mulher real com todos os dentes numa forma de feminismo dúbia enquanto que sonha(va) ser capa da Vogue com uma dose de photoshop que zeus me livre. É esta incongruência que me irrita. No fundo, prefiro o equilíbrio e parcimónia nas manifestações de apoio a esta ou contra aquela opção. Não estamos a falar de moral, que convém não ser elástica, apenas opções d estilo e nessas, eu que papo gojis e não tenho um corpo de modelo, gosto de me vestir com o que me valorize e não acho um trambolho enfiado num vestido de lycra deva ser aplaudido. Opiniões.
A minha é esta e raramente manifestada. Foi-o aqui porque me enchi de ler blogs que só batam na mesma teclar volta meia volta. Faltam temas na blogosfera, volta-se a isto. E cansa. Não faço apologia a quem goza com esta ou aquela decisão, só preferia que não se batesse tanto nesta tecla.