Páginas

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Vai uma coisa parva a meu respeito? Vai ter de ser... Os pés de galinha.

(Retomamos esta rubrica após um interregno, mas não por falta de material, não temam)


Local - China, numa cidade com mais de muita gente
Data - há um tempo atrás, também em Outubro

Pusinko aterra em território chinês com dois alemães. Depois de devidamente instalados no hotel fomos explorar as redondezas. Realmente há gente piccolina naquela zona e, tendo em conta os olhares que nos lançavam, o nosso grupo seria visto como 2 torres louras de olhos azuis a ladear uma não-tão-torre assim de cabelos encaracolados e um sorriso muito grande.
Cidade muito activa mas pouco dada ao turismo e estrangeirices naquela altura do ano. Foram horas a absorver informação (e um ou outro cheiro nauseabundo) até achar uma alminha que falasse inglês limpinho. Uma alminha super querida que fez questão de nos convidar para jantar com ela, o marido e o irmão num restaurante típico. Prato tradicional: Hotpot (Basicamente, encomendam-se porções do menu e cada um cozinha na hora porque as panelas são o centro de cada mesa.)
Pedimos vegetais, peixe, carnes variadas, incluindo frango. Quando trazem o pedido, chicha de frango nem vê-la mas a espreitar de uma tigela estavam pés de galinha.
"Olhai, não há engano?" - perguntei
E eles abanaram a cabeça "No, no! Chicken! Chicken!" E sorriram daquela maneira que encerra qualquer discussão.
Viro-me para os colegas e partilho entredentes o trauma "É das piores coisas que já comi, pés de galinha. Provei em garota e até hoje não gosto nem de olhar. Que horror".
Pessoa sensível é esta que me paga o salário pois, não tendo passado 5 segundos do infeliz comentário, sorri cúmplice para o outro alemão, olha para a senhora e exclama:
- Ahhh a Pusinko estava aqui a dizer que adora pés de galinha!
A anfitriã, feliz que só ela, traduziu a minha alegada predileção por pés de pito e era vê-los empenhados a ensinar os segredos milenares de como cozinhar aquela merda iguaria tão...tão... gorda e...noj... cartilagínea vá.  Seguindo os conselhos preciosos, deixei ferver em molho picante durante 30 segundos - "Deve ser para ficar crocante", disseram aqueles 2 idiotas -  durante os quais imaginei vinganças tenebrosas.
O amoroso colega (raisoparta) só acrescenta:
- Ahh Esperem que eu vou pegar na máquina.
Chegada a hora da verdade, peguei no maldito pé de galinha e  comi com a melhor cara que consegui, entre flashes e gargalhadas abafadas. Sabiam-me incapaz de recusar a "brincadeira" numa situação delicada daquelas. Fotografaram e riram, riram riram aqueles bandidos!
E assim termina a aventura.

- Ah e tal, Pusinko, então e tu não te zangaste?
- Não. Naquele momento jamais o faria. Mas logo a seguir, quando já tinha  esquadrinhado um plano terrível chegou o Karma e tratou de tudo.
- Como assim?
- Atirou-lhes uma gripe do tamanho do mundo a cada um e eu tive uma estadia fantástica o resto da semana. Tanto que ainda comprei souvenirs para não chegarem a casa de mãos a abanar.
- Foste muito querida.
- Pshhh náa. Esposo doente é esposo queixinhas e, mal por mal, antes voltar do outro lado do mundo com um presente.









7 comentários:

Anónimo disse...

Eu adoro pés de galinha, ou arranhadeiras, como se chama aqui na terrinha. :P
Dou-te os meus parabéns porque eu quando não gosto, não consigo fingir. Por mais que tente sou sempre traída pela minha expressividade.
E com amigos desses...

beijinhos

Jedi Master Atomic disse...

Nunca provei tal iguaria, mas pés.....not my thing.

Hathor disse...

fez-me lembrar as minhas aventuras pelas terras libanesas e suas iguarias :)
algumas deliciosas mas outras....
e quando não dá não dá....

Malena disse...

Kórror! Acho que não conseguiria!

PS: Confessa que foste tu que lhes rogaste uma praga! ;)

Beijinhos

Pusinko disse...

Joaninha,
Eu não gosto nem de pensar em arranhadeiras (mas gosto do nome).
Neste caso não se tratou de fingir que gostava (embora fosse esse o resultado) mas, simplesmente não eram condições que permitissem uma recusa, por mais delicada que fosse. Não repeti, mas comi da melhor forma que consegui.
Por vezes podes bloquear a expressividade de um sabor péssimo ao pensares na forma como te vais vingar dos bandidos que te pregaram a partida. :o)


Jedi,
Also not mine... mas lá teve que ser.
Não perdes nada em não experimentar. A sério.


Hathor,
Gosto muito de comida libanesa mas de certeza que há iguarias que não chegam ao mundo ocidental e é dessas que falas. Eu deixei de comer comida chinesa depois de ter ido ao país porque não tem nada em comum com o que experimentei lá. Original é original, no melhor e pior que isso possa significar. Só "quebrei essa promessa" na semana passada porque o meu roomie (do qual ainda tenho de falar) está intimamente ligado às tradições e culinária chinesas, e foi como lá estar de novo :o)


Malena,
Como disse à Joana, foi um momento delicado e eles conheciam-me o suficiente para saber que eu iria fazer das tripas coração para não ofender aquela gente simpática. E fiz.
Quanto à praga, a sério que não roguei (conscientemente), até porque tinha algo muito mais nojento em mente do que espirros e febres. Até porque sou uma pessoa de coração mole e tive pena deles e do que perderam nos restantes dias, um mais do que outro.



Beijokas a tutti



Pink Poison disse...

Eu gosto de pés de galinha... bem longe dos meus olhos :)

Loira disse...

Ahahah o que me ri com isto! E a imaginar essa tua carinha linda e sorriso doce a degustar uns estaladiços pés de galinha ahahah

(Mas olha, não penses ludibriar-me com esses bloqueios de pensamentos e tal para a minha pessoa comer sashimi porque, definitivamente, não-vai-colá!)

Beijo, beijo, beijoooooo