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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Fortuna - status (in)variabilis



A., mulher-menina crescida entre as montanhas e a capital do País das Rosas. Filha de pais cujo hobbie principal era o alpinismo, cedo os acompanhou em pequenas aventuras em família. Os desafios maiores eram reservados alternadamente aos adultos e foi com entusiasmo que, adolescente, acompanhou os detalhes da escalada por excelência para todos os amantes da arte: o Evereste - sonho da mãe. Integrada numa equipa experiente, seguiam a bom ritmo combatendo os efeitos secundários e condições extremas com a vontade férrea de vencer. A última vez que teve notícias foi em vésperas da etapa final, coisa de 1-2 dias até ao topo, dependendo das condições atmosféricas. Nunca saberá os metros que faltavam. Fizeram-se buscas, moveram-se céus e terras mas a montanha imensa calou-lhe o paradeiro. Um corpo que nunca foi achado, nunca foi velado nem teve uma morada onde a A. pudesse chorar a mãe. Estranhamente (ou não), a A. nunca abandonou a escalada, o snowboard ou o ski. Aliás, o seu entusiasmo contagiante levou muitos dos nossos amigos às montanhas do país das Rosas onde o pai se dedicou na solidão a guiar aventureiros por trilhos de Verão e Inv(/f)erno. Ontem também ele partiu sem aviso. Sem irmãos para abraçar na dor, com amigos próximos ao longe, saber onde será enterrado reabre uma ferida nunca fechou.
Minha A., sê forte como foste com todas as voltas que a vida te deu. Estamos aqui quando voltares, braços sempre abertos para ti. 










2 comentários:

AC disse...

Ohhh. A vida é tão cruel. E irónica também.


Triste:(

Beijooooo, doce Pukas

Pusinko disse...

AC,
É sim. Tu sabes disso todos os dias nas histórias/vidas que te passam pela mao. Eu sei da história da A. há anos e ontem soube que o pai foi da mesma maneira. Nunca sei o que dizer nestas alturas, por isso é que acredito nos abracos.

Beijo